Saiba sobre Passo a Passo Parede de Concreto – Concretagem
Após a definição do melhor tipo de concreto e montagem da forma, iniciamos agora a concretagem:
Passo 1 – Recebimento do concreto
No ato do recebimento do concreto preparado em central de dosagem, é importante observar, além dos dados na nota fiscal, o tempo de transporte decorrido entre o início da mistura, contado a partir da primeira adição de água, até a entrega do concreto na obra. O tempo do transporte do concreto contado a partir da mistura da água aos agregados até a concretagem tem total influência no desempenho da estrutura. O tempo de transporte, ou seja, do início da mistura até a entrega do concreto é obrigado a ser inferior a 90 minutos. Após a entrega, a descarga tem 60 minutos para ser realizada totalizando um prazo de 150 minutos do início da dosagem até a descarga total do concreto, podendo ser postergado até 180 minutos caso seja usado aditivo retardador de pega. No caso do concreto autoadensável o tempo entre a adição do aditivo hiperfluidificante e o bombeamento do concreto deve ser no máximo de 40 minutos. A concretagem não pode ter interrupções com duração superior a 30 minutos. Esse tempo deve ser fixado de modo que o fim do adensamento não ocorra após o início de pega do concreto lançado e das camadas ou partes contíguas a essa remessa, evitando a ocorrência de juntas frias.
A verificação dos dados da nota fiscal garante que o concreto entregue está em conformidade com o concreto solicitado e, consequentemente, com o concreto especificado em projeto. Assim, essa conferência deve ser feita antes da liberação da descarga do concreto para uso. Após a descarga, a trabalhabilidade do concreto é a propriedade que deve ser verificada para garantir que o concreto esteja com a consistência desejada e se não ultrapassou o abatimento (slump) ou o espalhamento (flow) limite especificado na entrega. O caminhão betoneira chega na obra com concreto convencional e este é dosado na iminência do início da concretagem, após a dosagem é feito o flow test a fim de verificar o espalhamento do concreto e autorizar o caminhão para a concretagem.
Passo 2 – Controle tecnológico do concreto
Esse controle é feito com o concreto em estado “fresco”, assim que o caminhão betoneira chega à obra, e segue a norma de amostragem de concreto fresco ABNT NBR NM 33. Os ensaios necessários nesta etapa são:
– Slump: realizado antes de descarregar o caminhão betoneira e antes de adicionar o aditivo superplastificante (quando for usado), segundo a ABNT NBR NM 67;
– Slump Flow ou Espalhamento: realizado depois da medição do Slump, depois de adicionar o superplastificante e antes de descarregar o caminhão na bomba de concreto;
– Moldagem de corpos-de-prova: no terço médio do volume transportado por um caminhão betoneira devemos colher um volume de concreto para moldar corpos-de-prova cilíndricos, conforme prescreve a norma ABNT NBR 5738;
– Transporte, desforma, cura e rompimento dos corpos-de-prova seguindo a ABNT NBR 5739;
No momento de realização do flow test, são moldados também os corpos de prova para teste de resistência à compressão. Com 12 horas é feito o primeiro ensaio de resistência à compressão e os resultados devem atingir no mínimo 3,0 MPa, para que seja liberada a desforma. Os ensaios são realizados com 12 horas, 14 dias, 28 dias e, caso seja necessário fazer contraprova, com 63 dias.
Flow
Slump
Cálculo da resistência característica do concreto, considerando a divisão da estrutura em lotes, conforme a ABNT NBR 12655.
Passo 3 – Lançamento do concreto
O lançamento do concreto nas formas deve ser antecedido de um planejamento detalhado, o chamado Plano de Concretagem, no qual devem ser levados em conta fatores como o concreto utilizado, a geometria das fôrmas, o layout do canteiro e qual o plano de ataque do empreendimento. A concretagem inicia-se e, enquanto um caminhão descarrega, o próximo é dosado e testado. O horário e sequência da concretagem deve ser muito bem alinhada junto à concreteira, com o objetivo de eliminar a possibilidade de ocorrência de junta fria, pois o concreto autoadensável inicia a pega com 30 minutos.
Para os casos de concreto autoadensável um dos principais pontos de análise é a escolha dos pontos pelos quais serão feitos a concretagem, levando em conta a elevada fluidez do material e garantindo que a massa fluida possa caminhar homogeneamente pelas fôrmas e preencher todos os vazios sem quaisquer dificuldades. Um bom plano é iniciar a concretagem pelos cantos da edificação, até que uma significativa parcela das paredes próximas ao ponto esteja totalmente cheia. Em seguida, muda-se a posição em direção ao canto oposto, até que se complete o rodízio dos quatro cantos opostos da estrutura. A finalização da concretagem se dá com o lançamento na linha mais elevada das formas.
Durante a concretagem das paredes não são admitidas interrupções com duração superior a 30 minutos. Caso seja ultrapassado esse tempo, fica caracterizada uma junta de concretagem. O lançamento de nova camada de concreto após o início de pega do concreto lançado deverá seguir as recomendações definidas para Juntas de Construção.
Para o uso de concretos convencionais, o adensamento do concreto deve seguir as condições específicas do mesmo, incluindo o uso do vibrador. No entanto, cuidados especiais devem ser tomados para paredes de concreto, pois as formas das paredes corriqueiramente são estreitas e altas, tornando-se importante um sistema de adensamento suficiente. Com uso dos concretos autoadensável ou celular, que possuem grande fluidez e plasticidade, elimina-se a necessidade de vibração e a alta viscosidade evita a segregação dos materiais.
Passo 4 – Cura
Enquanto não atingir o endurecimento satisfatório, o concreto deve ser protegido contra agentes que lhe são prejudiciais: mudanças bruscas de temperatura, secagem, vento, chuva forte, água torrencial, agentes químicos, choques e vibrações de intensidade que possam produzir fissuração na massa do concreto ou afetar sua aderência à armadura. A norma brasileira ABNT NBR 12645 especifica que a cura do concreto deve ser executada sempre e que seu início deve ocorrer logo após a desforma, evitando-se assim a secagem prematura do concreto. Quanto mais cedo for feita a cura, menor a possibilidade de surgirem fissuras superficiais, principalmente em lajes.
Existem dois métodos principais de cura: cura por molhagem e cura por membrana (películas impermeáveis/agentes de cura).
O primeiro método consiste em umedecer o concreto com água. Para isso é necessário que a superfície do concreto esteja continuamente em contato com água durante um período de tempo estabelecido (mínimo de três dias – molhando a parede pelo menos 5 vezes ao dia). Essas condições podem ser conseguidas por espalhamento contínuo, com mangueira, por exemplo, iniciando-se o processo tão logo a superfície do concreto não seja mais danificada pela ação (contato) da água. Ou então se deve cobrir a parede com sacos de aniagem que serão periodicamente umedecidos, renovando-se o teor de água em contato com a parede.
A utilização de membranas impermeáveis, também chamadas de agentes de cura, é a segunda alternativa. Consiste no processo de passar uma fina camada de produto químico com características impermeáveis, evitando que o concreto perca a água de hidratação. O principal inconveniente desse processo é a necessidade de remoção dessa película, por meio de escovação ou lavagem das paredes com água quente, para garantir a aderência do revestimento final (textura, massa corrida etc.).
O endurecimento do concreto pode ser antecipado por meio de tratamento térmico (cura térmica) adequado e devidamente controlado, o que não dispensa as medidas de proteção contra a secagem.
Semana que vem iniciaremos o passo a passo da desmontagem e limpeza das formas.